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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Coisas Para Comer em Bangkok - Tom Yum

De madrugada, à tarde, às horas mais improváveis e debaixo de qualquer tempo, há sempre comida com fartura pelas ruas de Bangkok. Claro que existem os restaurantes normais, dentro de 4 paredes e até alguns à porta fechada, para todos os gostos e algibeiras mas a maior parte dos locais come nas bancas de rua. É bem mais barato, mais rápido e mais prático.

Em Bangkok não é muito comum cozinhar-se em casa. Apenas as famílias grandes cozinham e comem em casa; as outras, comem na rua porque lhes sai mais barato e nem se preocupam nada. A comida Tailandesa é o orgulho dos seus habitantes e eles honram-na em cada canto. Os restaurantes mais direccionados e frequentados pelos habitantes da cidade, são clássicas esplanadas de rua, onde se juntam grupos animados à volta do tacho de barro com água a ferver que vem para a mesa para depois lhe juntarmos os ingredientes frescos que nos trazem dentro de cestos e pratos. 

[caption id="" align="aligncenter" width="484"] Refeição num restaurante de rua em Bangkok[/caption]

Eu cheguei a Bangkok cheia de intenções de provar tudo o que conseguisse no espaço de tempo da minha visita mas no segundo dia conheci logo o Tom Yum e apesar do nosso primeiro encontro ter sido uma confusão de golos largos de cerveja para acalmar a garganta, não desisti dele e quando comecei a ficar com garganta de ferro Tailandesa  percebi que tinha descoberto o meu novo prato favorito. Um prato tão simples e despretensioso, que só é impróprio para não gosta de sabores ácidos e picantes ao mesmo tempo.

 Tom Yum de frango



Tom Yum de frango
Tom Yum - de cogumelos, de frango, de camarão, de "comida do mar" ( esta opção pode levar de polvo a lulas a mariscos vários) ou simples, a Tom Yum é o meu prato tailandês favorito, desde há dois meses. É que dantes nunca tinha provado mas agora como voltar atrás? Como todos os pratos Tailandeses, as receitas não são nada restritivas. O que é comum a todos os Tom Yum é a sua base de temperos. Os ingredientes extra podem mudar, bem como a opção de colocar leite ( normalmente de coco) ou não, na sopa. 

Os ingredientes base da Tom Yum são o lemongrass ( em Portugal existe uma espécie parecida de citronela com o nome de erva-príncipe), folhas de lima Kfir, raiz fresca de galangal, sumo de lima e chillies. Em alguns locais colocam-lhe coentros e manjericão.

[caption id="attachment_375" align="aligncenter" width="587"]Tom Yum em Pak Chong. Um dos melhores que comi na Tailândia. Tom Yum em Pak Chong. Um dos melhores que comi na Tailândia.[/caption]

A este caldinho pode juntar-se tomates, cogumelos, muita cebola, cenouras, todo o tipo de legumes cortados, camarões, carne de frango, lulas, polvo e outros mariscos. A sopa leva também molho de peixe e pode levar ou não leite de vaca ou, mais comummente, de coco.

Na Tailândia é fácil encontrar Tom Yum de qualquer espécie. O único restaurante que foi onde não havia Tom Yum foi uma pastelaria. Claro que não visitei todos os restaurantes de Bangkok mas acho seguro dizer que na maior parte se encontra esta sopa. Quanto mais autênticos os restaurantes, melhor vai ser a sopa. Os tailandeses são exigentes com a sua comida e não servem pratos mal feitos aos seus conterrâneos.  

O preço, dependendo do local, varia entre os 40 e os 150 bhat, o equivalente a entre 1 a 5€. Depende de onde escolheres provar.

A sopa é muito picante. Extremamente picante. Tão picante que no primeiro dia não a conseguíamos comer. Normalmente servem-nos um prato de arroz cozido com a sopa para entre-calarmos ou misturarmos com o molho. Na minha primeira vez, para conseguir comer a sopa, tinha que ser uma colher de sopa , um golo de cerveja, uma colher de arroz. E mesmo assim, ardia na garganta. Passados uns dias, já pedíamos para não terem pena de nós no picante.

O ser picante é uma característica normal dos pratos Tailandeses e apesar de ser apreciadora de comida picante, tivemos que lutar pelo nosso direito a apreciar um belo prato de Tom Yum sem sofrer muito.

[caption id="attachment_372" align="aligncenter" width="367"]Tom Yum de camarão  na guesthouse River View. Este foi o primeiro Tom Yum que provei na Tailândia e adorei mas mais tarde iria provar muito melhor. Tom Yum de camarão na guesthouse River View.
Este foi o primeiro Tom Yum que provei na Tailândia e adorei mas mais tarde iria provar muito melhor.[/caption]

 

As propriedades dos chillies , do galangal, do lemongrass e da lima kfir  fazem com que esta sopa tenha também uma popularidade muito peculiar na Tailândia.  É considerada curativa e durante muitos anos o povo Tailândia utilizou-a como uma panaceia para curar gripes, constipações e problemas de estômago.

 A receita, que é comum ao Laos e também servida na Malásia, Singapura e Indonésia é antiga - não consegui apurar quantos anos tem ( alguém faz ideia?)- e diz-se que é prova da mestria dos cozinheiros, fazer uma Tom Yum com o balanço perfeito entre o picante e o ácido.

Eu provei muitas versões desta sopa. Algumas melhores e mais ricas, outras com menos ingredientes mas que mesmo assim eram pequenos "shots" de energia e  força. É que parece que esta sopa tem qualquer coisa que nos puxa para cima; no fim da viagem, foi o último prato que comemos em Bangkok e o que mais nos deixou saudades. 

Receita em breve.

V

sábado, 22 de dezembro de 2012

Parrila e pizza em Buenos Aires, por Catarina Palma

Lembram-se quando vos falei da Catarina Palma e do Coração Nómada? Pois é, a Catarina já começou a sua viagem e já nos enviou o seu primeiro relato. Não leiam se estiverem com fome porque as palavras são tão boas que abrem literamente o apetite. A Catarina está na Argentina, em Buenos Aires e é de lá que nos escreve esta crónica.

Visitem o Facebook do Coração Nómada e o Blogue para acompanharem todas as aventuras do coração. Boas viagens Catarina e agora, comamos com os olhos. 

Parrila e pizza em Buenos Aires, por Catarina Palma



Argentina – um país de 2.8 milhões de quilómetros quadrados – é para muitos, principalmente para os carnívoros, sinónimo de carne, bifes e churrasco. É verdade que o prato mais famoso dos argentinos é, sem dúvida, a boa da parrilla, ou seja, churrasco de carne de vaca, onde não falta entrecosto, morcela e bife da vazia.
Sim, sem dúvida, fazer churrascos é uma especialidade dos argentinos e, aos domingos, um passeio pelos bairros mais tradicionais da cidade é acompanhado pelo cheiro do churrasco feito ao ar livre e pelas gargalhadas dos amigos e familiares que se juntam em volta da grelha para comer conversar. É certo que na minha estadia em Buenos Aires tenho encontrado muitos restaurantes de parrila - destacam-se ao longe pelos letreiros coloridos, fachada em madeira e pelas frequentes pinturas alusivas ao tema gaúcho, sendo os gaúchos homens do campo que vivem da criação de gado nas terras da pampa argentina - e que até já participei de um churrasco de domingo (de longe, muito melhor do que qualquer restaurante).
Ainda assim, os letreiros gaúchos são ultrapassados em número e em brilho pelos das pizzarias que pululam pela cidade. Umas colocam lado a lado em vitrines de comer com os olhos empanadas de vários feitos e inúmeros sabores – carne, frango e cogumelos, queijo e presunto, caprese -, pastas frescas, quiches e gnochi, enquanto outras se especializaram apenas em pizzas. Em Buenos Aires há pizzarias que se denominam como as melhores da cidade, outras colam-se ao tango e dizem-se tão tradicionais quanto essa dança a media luz, a verdade é que as há com várias décadas de história, atestadas pela data de fundação que orgulhosamente exibem por cima da soleira da porta.
Se as pizzas argentinas são melhores que as italianas? Isso não sei dizer, mas são muito boas e saboreá-las com este ventinho tropical tem um gosto muito especial.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Caril de batata doce e erva-limão

Quando comecei a escrever o último post sobre o Cambodja, a minha ideia era partilhar a receita que experimentei naquele dia, com o lemongrass em pó que trouxe de lá. Depois perdi-me na conversa e o post cresceu sem a receita. Mas esta vale a pena ser partilhada por isso cá vai!

Quem brilha nesta receita é o lemongrass:  em Portugal, chamam-lhe erva-limão, erva limeira, erva-príncipe e até erva-capim. Disseram-me que fazem todas partes da mesma família, que são citronelas mas que as espécies variam de país para país. Ando a ver se arranjo sementes de lemongrass Tailandesa e Cambojana para plantar, que era muito boa e eu preciso urgentemente de comer um Tom Yum a sério e sem o lemongrass certo não vou lá!

E para recordar uma viagem nada melhor do que uma boa comida simples e saudável com os sabores que vieram na mala; obrigada  ao lemongrass por este toque que nos empresta e saudades aos meus amigos no Cambodja, espero que aprovem esta intromissão!



Caril de Batata Doce com Erva-Limão (Lemongrass)    

♠ 4 pessoas

Ingredientes

8 batatas doces

1 cc pimenta preta em grão

200 ml  de leite de côco

100 g de côco ralado

1 cebola grande

5 colheres de sopa de lemongrass em pó

2 malaguetas vermelhas

1 cs raiz de gengibre ou galangal

2 cc sementes de coentros

1 fio de azeite ou óleo de côco

1/2 cc sal marinho

 

Como fazer: 

Numa frigideira anti-aderente, alourar uma cebola com azeite ou óleo de côco. Dourar também as sementes de coentros. Quando estiver aromatizado, misturar metade do côco ralado. Colocar as batatas doces cortadas aos cubos pequenos. Temperar com sal e pimenta preta e deixar saltear. Colocar em lume brando, tapar e deixar alourar 5 minutos. Colocar depois a raiz de gengibre ou galangal cortada em fatias fininhas.  Cortar as malaguetas em bocados pequeninos e juntar também.

Podem ou não tirar as sementes das malaguetas de acordo com o nível de picante que quiserem experimentar. Se quiserem muito picante, deixem as sementes.








Deitar o lemongrass e o leite de côco até tapar as batatas e deixar cozinhar, em lume muito brando por 15 minutos.

Provar novamente os temperos, reajustar e verificar se as batatas estão cozidas mas rijas. Deitar  o resto do côco ralado por cima e misturar antes de servir.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Cambodja e lemongrass

[caption id="attachment_328" align="aligncenter" width="731"] Lemongrass em pó[/caption]

 

O Cambodja só não deixa saudade a quem não quiser senti-la. Dizem que temos sempre saudades dos sítios onde fomos felizes e todos podemos validar esta pequena Verdade. Ainda é recente a saudade dos lugares e amigos que lá ficaram até sabe-se lá quando; mas na segunda-feira acordei com saudades da comida. Pois.

Não, eu não tenho saudades só das comidas dos lugares mas os sabores são corvos das memórias e espicaçam-mas de uma maneira que me custa calar. E como eu sou a favor da liberdade de expressão, mesmo dos corvos mais atormentadores, entrego sempre tudo à mensagem. Mergulhemos então na saudade e já agora, que se faça um prato para a acalmar.

Em Siem Reap há poças grandes de chuva nas estradas. Há carros, poucos, motas, muitas, tuk-tuks com mota, vários, e bicicletas. Há cavalos e pessoas a pé. Há motas com quantas pessoas elas aguentem e grandes sorrisos para nós. Sorriem também uns para os outros quando estão em sarilhos. Calor e pó, chuva e lama. Tudo no mesmo dia e no mesmo lugar.

Há mercados que só funcionam de dia e outros que só funcionam à noite. Há turistas a montes, atraídos pela imponência de Angkor e em percursos pelo Sudeste Asiático. Vêm ou vão para a Tailândia, Laos, Vietname. Há uma rua "pub street" onde desfilam os turistas e os seus amigos. Com restaurantes, pubs, bares, lojas e massagistas. Tudo pensado para nós, turistas, que os de lá não têm dinheiro para aquilo. Esta rua só visitámos no último dia que lá estivemos porque entretanto havia coisas únicas para ver antes dos pubs temáticos para camones. Mas, no fim, lá fomos jantar com o nosso guia e amigo e estava-se muito bem. Temia uma Khao San road e afinal era tudo muito melhor. Não gostei nada de Khao San road, fico tão deprimida com turistas bêbados descontrolados e senhores de idade respeitável com adolescentes asiáticas pelo braço; parece que a experiência de khao san me traumatizou e agora quando me dizem que temos que ir até à rua-não-sei-quantos porque é lá que estão os backpackers fico sempre naquela. Hum, não.

 

[caption id="attachment_322" align="aligncenter" width="768"] Especiarias no mercado de Siem Reap[/caption]

[caption id="attachment_324" align="aligncenter" width="768"] Queijo e pasta de peixe no mercado de Siem Reap[/caption]

Lá perto desta cidade moderna Cambojana de Siem Reap, há aldeias rurais, bonitas , pobres e com um ar de simples felicidade. Há vacas muito magras mas que andam soltas pela beira do rio que tanto os sustenta, como os desalenta. Estas águas, que ora sobem ora descem, vêm literalmente do Topo do Mundo onde nasce o rio Mekong cujos movimentos ora empurram ora sugam as águas que alimentam esta aldeia. Desce pelo Planalto Tibetano, passa pela China, Myanmar, Laos, Tailândia, volta ao Laos, desce para o Cambodja e vai depois criar o Delta do Mekong para se  transformar em Mar.  A vida nesta aldeias é extraordinariamente regida pelos movimentos do rio.  As rotinas, tarefas e estilo de vida da aldeia adaptam-se ao que o rio lhes trás ou deixa de trazer.

Quando há água para isso, planta-se e transplanta-se o arroz. Vai-se à pesca. trata-se do que se apanhou. Faz-se queijo de peixe. ( Não provei mas não tinha um cheiro promissor. No entanto, acredito quando me disseram " cheira mal mas sabe bem", acontece muitas vezes com coisas gourmets, como aquela.

[caption id="attachment_319" align="aligncenter" width="768"] Recolha do peixe apanhado pelos barcos na aldeia perto de Siem Reap nas margens do Tonlé Sap[/caption]

O rio é também casa. Há lá pelo menos duas grandes aldeias flutuantes. Visitei a de Kampong Phluk e foi como reviver.  Tenho uma estória para contar sobre um rapaz-peixe que lá vive mas essa é para depois.

Em Kapong Phluk, também conhecido localmente, em gíria de turista, como floating forest, o rio é terra, chão, mãe e pai.  Há uma escola, um navio Hospital lá colocado por terceiros - muito obrigada em nome da Raça Humana, se me permitem - um templo e uma casa Comunitária. Tudo construído sobre estacas que se enterram no chão do rio. Há muitas casas e muitas pessoas também. Há algumas casas em terra, perto da escola. Barcos e crianças que tomam banho e lavam a roupa no rio e ficam debaixo de água tanto tempo sem respirar! Há um restaurante com cerveja fresca e muita comida onde quem tiver febre também pode lá ir curar-se com ventosas de vidro. No Cambodja a medicina tradicional é muito semelhante à Chinesa. Há as senhoras do remo, que levam os turistas a passear em pequenas canoas por entre a floresta flutuante.

[caption id="attachment_318" align="aligncenter" width="768"] Kampong Phluk[/caption]

 

[caption id="attachment_317" align="aligncenter" width="768"] Medicina tradicional em Kampong Phluk[/caption]

[caption id="attachment_320" align="aligncenter" width="768"] Kampong Phluk[/caption]

O Cambodja e a zona circundante a Siem Reap deixam saudades porque são lindos. Nem falei de Angkor porque já se sabe que estando em Siem Reap, vai-se lá parar e vai-se ver algumas das coisas mais belas que o Homem inspirado já fez. Mas a pérola deste país é quem lá habita.

Dizer que eles sorriem muito é dizer o que toda a gente diz quando aqui vem, mas dizer as verdades nunca será contra a moda de ser original nas palavras e pensamentos. No Cambodja sorrir é mostrar que se está feliz mas é também um sinal de boas-vindas e eles ainda não se fartaram de mostrar com que firmeza , humilde e satisfação se constroem .

Em Siem Reap, no mercado nocturno havia especiarias em saquinhos de 1 dólar. Havia todas. Lemongrass em pó, ainda bem que te comprei e te trouxe na mala, mal sabias tu que havias de matar a saudade do teu país com a ajuda de umas batatas doces e leite de Côco.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Azeite Picante de Caiena

Há Português que não adore azeite? Se for cru, melhor. Esta receita de azeite picante pode ser feita de duas maneiras: a cru ou a quente.

Se fizerem a cru, demora umas 2 semanas a ficar no ponto; a quente, são 25 minutos mas perdemos alguma da frescura do azeite e das suas propriedades.

Este azeite é ideal para acompanhar uma boa dukkah. Molha-se um belo pão neste liquido, depois na dukkah e temos um snack egípcio com um toque do Mundo.

Esta receita  que se segue não é de lado nenhum. É de todos os povos que gostam de azeite e coisas picantes.

[caption id="attachment_311" align="aligncenter" width="816"] Caiena seca, pimenta rosa, alho[/caption]

 

Para esterilizar os frascos de vidro: lavar em água quente e detergente para a loiça não-tóxico. Colocar os frascos lavados numa panela cheia de água. Ferver em lume brando por 40 minutos.



Receita de Azeite Picante de Caiena


Frasco de vidro esterilizado


250 cl de azeite virgem de boa qualidade


5 pimentas e caiena,secas, com semenentes


2 folhas de louro


2 colhes de sopa de coentros


1 colher de sopa de sumo de lima


1 colher de sopa de pimenta rosa moída de fresco


 Esterilizar o frasco de vidro


Para preparar a frio:


- misturar os ingredientes todos dentro do frasco de vidro, fechar e colocar num lugar fresco e seco. Agitar uma vez por dia, durante duas semanas. Utilizar em temperos, refogados  saladas, com dukkah, como "dipping" para pães rústicos, para marinadas e tudo o que vos apetecer.


Para preparar a quente:


- misturar todos os ingredientes numa frigideira de fundo grosso. Aromatizar em lume muito brando, sem deixar ferver, por 20-25 minutos. Deixar arrefecer. Passar por um filtro de café, pano mussolina ou até mesmo um passador de leite fininho. Guardar o liquido num frasco de vidro esterilizado e colocar no frigorífico. Aguenta 1 mês mas não chega até lá.

sábado, 8 de dezembro de 2012

Dukkah - receita

[caption id="" align="aligncenter" width="500"] Dukkah - foto de gourmetmorsels.com[/caption]

Dukkha ( também se escreve Duqqa ou Dukka) é uma mistura de especiarias e sementes típica do Egipto.

Tradicionalmente serve-se com pão pita embebido em azeite ( fica excelente com este azeite picante), que é depois mergulhado na mistura "dukkha". Também pode ser utilizado num sem número de pratos. Ocorre-me colocá-lo em saladas frias ou quentes, gratinados, salpicar sobre umas espetadas de maçã grelhada e queijo feta, misturar no risotto...tantas possibilidades para o dukkha.

Como é normal nestes pratos típicos, eles variam de região para região; adaptam-se aos ingredientes que estão mais à mão. Esta receita  é composta por ingredientes que são comuns a virtualmente todas as receitas de Dukkha que encontrei.

Se forem fazer dukkha, façam logo uma boa quantidade. Preservado dentro de um frasco de vidro, no frigorífico ou num local fresco e seco, aguenta um mês e ficam com esta mistura saborosa e nutritiva sempre à mão para temperar saladas, temperar todo o tipo de carne e peixe e legumes antes e depois de cozinhados.

Faz-se assim:

Dukkha|Receita

Quantidade: +- 100 gramas

40 gramas de avelãs ( ou pistácios ou amêndoas)

30 gramas de pistácios ( ou avelãs ou amêndoas)

4 colheres de sopa  de sementes de sésamo

3 colheres de sopa de sementes de cominhos

3 colheres de sopa de sementes de coentros

1 colher de chá de grãos de pimenta preta

1 colher de chá de sal

Numa frigideira de fundo grosso, tostar os frutos secos e colocar de parte. Depois, tostar as sementes e as especiarias - as sementes de coentros, cominhos e pimenta primeiro, durante 5 minutos, em lume muito brando, ou até começarem a libertar os seus cheiros aromáticos.Depois, colocar o sal e as sementes de sésamo.  Ir mexendo sempre a frigideira.
Tenham cuidado, se utilizarem um processador/triturador eléctrico quando estiverem a triturar os frutos secos, não triturem demais, porque vão acabar com uma manteiga. Fica já a ideia para uma próxima receita: manteiga de frutos secos e especiarias.  Mas hoje, queremos dukkha!

Deixar esfriar. Colocar todos os ingredientes num processador, moinho de especiarias ou utilizar o tradicional almofariz para moer os frutos secos e as especiarias até ficarem num "farinha" grosseira,com alguns pedaços, ou não.

Neste passo podem adaptar a textura ao vosso gosto. Eu gosto de deixar alguns grãos maiores mas podem fazer mesmo uma farinha mais fininha.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Chá para Cleópatra

“Não tem que comprar, venha só experimentar. De onde são os senhores? Ah, Portugal. Cristiano Ronaldo! A senhora gosta de perfumes? Venha, posso oferecer um chá? Para si, o de Hibisco de Aswan. Como a Cleópatra!” - Os perfumistas artesanais egípcios são uns mestres. Compro!

”Muito obrigada, nunca provei. É uma flor aqui da região?”- pergunto.”Não, senhora. O hibisco existe em muitos países do Mundo. Na Ásia, por exemplo, é muito comum. Mas estes, são plantados em Aswan. Têm a melhor cor, veja, vermelho vivo.” - Coloca um punhado das grandes flores secas num bule, verte-lhes água a ferver por cima e tapa o bule. Tira 3 copos de uma prateleira e diz-me “Para si, só dois cubos de açúcar porque a senhora já é muito doce.” Solto uma gargalhada. Impecáveis. Passa-me um dos copos de vidro com o chá bem quente e algumas flores, agora tornadas maiores e suaves pela água, a boiar. Provo. Hum, que bom gosto tinha a Cleópatra. Como se lesse os meus pensamentos, o perfumista intervém: “ A rainha Cleópatra também usava um perfume igual a um que eu aqui tenho. Quem me ensinou foi o meu pai, que aprendeu do pai dele. Exclusivo da minha loja, a senhora quer experimentar?”

Foi aí que olhei bem para o interior da loja; solta da magia do ritual do chá, observo as prateleiras de frascos, frasquinhos e garrafas de vidro que ocupam todos os espaços livres da loja. Frasquinhos pequenos delicados, pintados com motivos vários, de cores várias. Frascos grandes com grandes quantidades de liquido oleoso. Outros, com líquidos cristalinos. Os líquidos tinham quase todos a mesma cor, dourada. O perfumista levanta-se e começa a trazer para a mesa frascos e frasquinhos. Começa por me oferecer um muito pequenino e muito delicado, cor de rosa, com alguns detalhes em dourado e com uma tampa bicuda. Diz-me “Este frasquinho é para si, mesmo se não comprar nada, é um presente. Agora vamos experimentar.”

No fim, descobri que ele não tinha a certeza nem do chá nem do perfume serem os favoritos de Cleópatra mas depois de provar e cheirar, que me interessam as certezas? Que se lixem os factos, este, é um chá para Cléopatra.

 

 Chá de Hibisco e Galangal

Para 1 litro de Chá

1 litro de água

10 flores de hibisco vermelho secas

4 fatias finas de raiz de galangal

Colocar as folhas de hibisco e a raiz de galangal num fervedor com um litro de água e levar ao fogo. Deixar levantar fervura em lume brando. Ferver durante 15 minutos, sempre em lume brando com o bule tapado. Desligar o lume. Misturar 3 colheres de sopa de mel cru. Tapar e deixar repousar 15 minutos antes de servir. Sentir-se Cleópatra.

Este chá também é excelente servido frio, por isso, se sobrar, podem colocar numa garrafa de vidro, colocar no frigorífico, e beber como chá frio.

[caption id="attachment_286" align="aligncenter" width="816"] Raiz fresca de galangal[/caption]
Fontes:


PS – O Galangal veio aqui parar por três motivos: primeiro porque estou cheia dele fresquinho que trouxe o mês passado da Tailandia e tenho que o aproveitar enquanto está fresco. Segundo, porque este primo do gengibre precisa de ser mais explorado. Tem-se estudado pouco o galangal mas é utilizado desde a antiguidade com muitos benefícios, nomeadamente respiratórios e do sistema imunitário o que é excelente para toda a gente.

Ele tem muitas outras propriedades, aconselho a seguirem os links abaixo para mais informação sobre o galangal e as suas propriedades medicinais.

Terceiro, porque parece que eles no antigo Egipto também consumiam imenso chá de galangal. Não é que é o par perfeito para o Hibisco de Cleópatra?

O Hibisco, não havendo provas de que era o chá favorito da rainha, podia bem ser! As suas propriedades relacionados com a estética adequam-se perfeitamente à taça sumptuosa de Cleópatra. Tem um elevado teor de antioxidantes , promove a saúde da pele, acalma os nervos, acalma o estômago, é afrodisíaco, diurético e muitas outras coisas mais.

 

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Gurus e Couscous

 

[caption id="attachment_255" align="aligncenter" width="500"] Montanhas da Argélia ao longe, vistas do deserto de Merzouga, Marrocos[/caption]

“Para a esquerda é perigoso. É Algérie, não seguro para senhoras turistas. Fica aqui neste lado do deserto. Sempre para Norte, depois das 3 dunas grandes, encontras um acampamento nómada. Podes ir lá aprender a cozinhar o couscous como pediste. Eles gostam dos turistas, vai ser bem-vinda a senhora Portuguesa.” - enquanto me dava estes conselhos e advertências num Inglês safíssimo, os olhos de Mohamed percorriam ora as dunas da Argélia ao longe, ora a sua aldeia de 7 casas no deserto de Merzouga.

As dunas de Erg Chebi espalhavam-se para Norte e para Sul até se perderem da minha vista. O Sol , que nunca mais se havia de descolar da minha pele, era o Rei daquela praia sem mar. Penso que estou cheia de sorte por ter encontrado alguém que fale tão bem Inglês porque não faço ideia por onde começar. Tenho sono mas não quero perder tempo, só tenho 4 dias para esta viagem.

Levanta-se um vento. Aperto o casaco, limpo a areia dos olhos e penso que tenho mesmo que arranjar maneira de largar o escritório. Aos poucos anda a enlouquecer-me toda esta pressão de ter horários fixos, e tarefas fixas, e rotina, e autoridade e pouca liberdade. E para quê? Para poder ter dinheiro para viajar. É um ciclo viciante. Alimento aquilo que me prende para comprar alguns dias de liberdade.Parece que o deserto me puxa pela introspecção. Mas nem é bem isso. É mais saber que este sentimento vai estar sempre presente. E toda a gente está igual. É tão raro encontrar alguém que te diga“que bom, amanhã vou trabalhar. Adoro segundas-feiras!”. Mas assim é que havia de ser. Porque dava para ser. Porque há gostos para tudo, estamos é desconectados e desconsertados. Completamente alienados. E eu a saber, colaboro.

 

[caption id="attachment_256" align="aligncenter" width="500"] Dunas de Erg Chebi, Marrocos[/caption]

Sacudo os ombros, penso que a viagem louca de 12 horas de 4x4 que acabei de fazer por Marrocos, está a começar a pedir-me sopinhas. Sobrevivi às curvas do Atlas em velocidade árabe e agora merecia uma caminha mas parece-me que o Mohamed está a puxar de um telemóvel.

Uma chamada telefónica de 10 segundos e alguns minutos depois, já o o filho vem caminho com um camelo pela corda e um sorriso divertido.

“A senhora Portuguesa quer ir ás dunas aprender a cozinhar couscous com os berberes nómadas não é? Mohamed leva a senhora com muito prazer. É muito perto. Trouxe couscous? Vamos comprar na mercearia do meu tio.” - apresenta-se assim o segundo Mohamed que conheci naquela dia. Alto, magro mas forte e moreno, sorriso fácil, Inglês muito bom. A pronúncia era fraca mas o vocabulário, impecável. Falava com inteligência e curiosidade mas escondia um pequeno esgar de ironia na atenciosa simpatia. Como se soubesse tudo sobre mim, como se soubesse segredos e estivesse para além de qualquer surpresa.

“Olá Mohamed. Obrigada, eu não trouxe o couscous, estava a contar conseguir comprar aqui convosco. Vamos então à mercenária do teu tio quando quiseres. Eu parei aqui na tua aldeia porque o senhor que me trouxe até aqui, o guia, mostrou-me um hotel perto daqui e disse-me que ia encontrar guias para o deserto e uma pequena mercearia nesta aldeia. Parece que estou com sorte, vocês falam todos muito bem Inglês. Em Casablanca e Marrakech tive alguma dificuldade com a língua. Onde aprendeste? Vocês vão à escola?”- ao mesmo tempo que fiz a pergunta, pensei se teria parecido ofensiva. Estaria a insultar a forma de vida deles? Estaria a ser condescendente e a comportar-me como uma ocidental com a mania que sabe tudo, tal e qual como aqueles viajantes parolos que tanto me irritam? Mas o Mohamed estava preparado para mim. Ele já tinha ouvido todas.

“Algumas crianças da aldeia vão. Eu não fui. O meu irmão foi. Ele ensinou-me a ler e escrever. Ele agora estuda em Londres. Talvez um dia eu vá visitar.”

“Então e o inglês? Aprendeste com os turistas? ”

“Sim, com os turistas, também. E com a Internet.” - Oh, ele conhece a Internet. No Sahara. - “Tens Internet aqui no deserto?” - pergunto.

”Não tenho nem computador nem Internet. Mas passa um autocarro aqui todos os dias de manhã e volta para cá à tarde, para a cidade mais perto. Eu vou lá muitas vezes mexer no computador e na Internet. Aprendi a ler Inglês na Internet e isso ajudou-me também aqui com os turistas.”

”Sem dúvida que ajudou. Falas melhor do que muitos amigos meus que estudaram quase 10 anos de inglês na escola.” - mas o Mohamed também não tinha paciência para elogios destes. É claro que ele tinha aprendido, era tão capaz como qualquer pessoa no Mundo. Mais do que muitas. Tantas.

“Vamos comprar os couscous?” - mudou de assunto. Que bom é conhecer estes gurus improváveis.

A mercearia tinha um número surpreendente de coisas. Uma pequena casa de cimento com algumas estantes de madeira, algumas feitas com tábuas improvisadas, apresentava uma variedade de bolos, bolinhos e bolachas, batatas fritas de pacote, snacks e chocolates. Pãozinhos, detergente para a roupa...e couscous. Comprei couscous, uma garrafa de água e um saquinho cheio de chocolates.

“Já andou de camelo? É fácil. Quer ir agora?”- queria dizer que não, que queria dormir e tomar banho e descansar e que amanhã íamos fazer tudo mas já o Mohamed estava a pedir ao camelo que se ajoelhasse. Vamos então, pensei. Vou-me lembrar disto amanhã ou vou cair do camelo de exaustão e calor?

Nunca tinha andado de camelo mas foi como se a coisa se tornasse natural ao fim de muito pouco tempo. O camelo parecia estar bem disposto. Vi-o a sorrir umas vezes. E lá se foi, devagarinho, rumo à repetição dos cenários e de nós mesmos. Pensei, pensei, pensei. Pensava que dormia, às vezes quase que sentia que o fazia mas com medo de cair, nunca me deixava ir. Ao fim de quase uma hora, o Mohamed perguntou-me se eu queria descer do camelo e subir a uma duna. E queria e fui. Subimos devagar sem falar, até onde se conseguiu.

[caption id="attachment_257" align="aligncenter" width="500"]Mohamed a conduzir o meu camelo. Mohamed a conduzir o meu camelo.[/caption]

Enquanto subia a duna, ia-me lembrando que o meu trabalho não me deixava tempo nenhum para fazer exercício e que estava a ficar fora de forma. Na minha cabeça ainda era a miúda desportista e cheia de genica de há anos mas os pulmões e os músculos esqueceram-se de ficar nos 15 e depois nos 25 e depois nos 30... Bem é melhor não arrastar os pensamentos para aí, pensei. Lembra-te de viver o momento e aquela coisada toda. Funciona sempre para estas angústias das crises existenciais. Só que às vezes já não.


“Vamos parar aqui um pouco para descansar? A senhora não parece feliz. Escolhi uma duna muito grande...desculpe, a senhora parecia em forma. Vamos parar?”


“Por favor, Mohamed! Trata-me por tu, estava mesmo agora a sentir-me velha e tu com a senhora! Não me sinto assim tão mais velha que tu. Eu estou bem, a duna não é grande demais, eu estava só a pensar no meu trabalho e nas desculpas de não ter tempo para o que importa. Nada de sério.” - Mohamed olha para mim com um ar surpreendido e sinto que pela primeira vez olha para mim com olhos de ver. Diz que sim com a cabeça e põe os olhos no horizonte.

“ E tu, gostas do teu trabalho?" pergunto, "Gostas de estar aqui? Já alguma vez estiveste fora daqui? Pareces tão inteligente, ias gostar de conhecer o Mundo e ver outras coisas fora daqui.” - a estas minhas perguntas, Mohamed sorri com ar de quem já ouviu esta tantas vezes; outra vez, o que é que se passa comigo hoje? Venho para aqui cheia de aventuras na cabeça e esperança de interacção cultural e depois sou um autêntico elefante numa loja da china a falar com as pessoas.

Ele viu na minha cara a compreensão das minhas falhas e desta vez, quando sorriu, foi com familiaridade. Somos os dois da mesma mãe, tu só falas diferente de mim e tens outras grilhetas que não as minhas.

“Eu compreendo. Eu sei que parece que nós precisamos de ser salvos. Eu gosto do meu deserto, dos meus camelos, da minha família, da minha aldeia, da minha vida. Eu nunca estive fora da aldeia mais próxima daqui. Um dia eu gostava de ir a Londres ver o meu irmão mas que não quero ir morar para lá.

Eu só quero conhecer com os meus olhos aquilo que eu vejo e leio na Internet.

É como tu, que vieste à minha casa porque viste nos livros e queres conhecer mas não pensas talvez em morar aqui. Eu quando penso no resto do Mundo, também penso assim. Penso com curiosidade daquilo que não conheço mas não penso em viver lá. Não penso em sair aqui. Eu quero casar aqui e ter os meus filhos aqui, no deserto.

Eu sei o que se passa no Mundo. Eu só tenho 20 anos mas no deserto o tempo passa mais devagar, o meu dia são dois dias teus.

Eu sei que parece que nós não somos muito felizes aqui, que, como vocês dizem “não temos condições” porque não temos a vossa água quente que vem de tubos nas paredes e que vocês desperdiçam não sabendo que é um tesouro, uma dádiva da barriga e das veias da Mãe para nós. Porque nós não temos escolas e os nosso filhos não apreendem as mentiras que eu leio na Internet. Porque os livros da escola não ensinam o que é importante.

Eu não quero passar 15 anos a estudar como o meu irmão. Todos ficam orgulhoso porque ele é inteligente mas todos ficam tristes porque ele foi ser escravo. Foi ser escravo da casa muito moderna que comprou. Agora não pode visitar a família porque tem que pagar a casa e a casa agora é mais importante que a mãe dele e o irmão e a irmã mais nova que ele só viu duas vezes.

Eu tenho tempo para tudo o que eu quero. Eu tenho tempo até para ter tempo de mais.

E tu estás infeliz porque tu também sabes isto mas isto não é um segredo para o povo do deserto. Nós sabemos bem aquilo que temos e o quanto vale ter uma vida selvagem, o desafio da sobrevivência, o valor das relações pessoais e a importância da solidão.

O povo do deserto aprende a falar pouco e dizer muito. Uns com os outros nós somos diferentes. Com vocês, turistas, nós fazemos o nosso papel de árabes do deserto, somos uma atracção turística para vocês. Para nós está tudo bem, vocês pagam-nos e nós podemos comprar mais camelos e mais água e dar alguns presentes às namoradas.

Então, eu agradeço por dizeres que eu sou inteligente. Eu concordo, e é por isso que eu escolho estar aqui, longe da deturpação do que somos. Tu também pareces ser inteligente, porque é que ainda não arranjaste maneira de ser feliz?

 

 

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Necessidades Básicas

Há pessoas que parece que nasceram com o Destino traçado para as coisas. As coisas das artes e do conhecimento parece-me que são as que traçam o fado mais forte mas não há  aqui muitas regras.

Outras existem, que vivem até aos 40 sem saber o que é que gostavam de fazer com o tempo que cá têm. E muitas dessas são mais serenas que as outras.  E mais activas, e constroem-se sem sentido de urgência.

Nenhuma das duas tem nenhuma"culpa". São assim e têm olhos castanhos. Fatalidades.

A frustração de ambos vem do mesmo lugar. Negam-se ao que são, por isto ou por aquilo, e não conhecem as suas próprias necessidades básicas.

Passamos a nossa vida a ouvir dizer que temos que ter os pés assentes na Terra. Que ser realista é quase sinónimo de ser pessimista e que não estamos aqui para nos realizar mas para cumprir papeis que esperam de nós. Claro que existe o argumento oposto mas a maioria parece aceitar que seguir os sonhos não é uma abordagem prática à vida. Coisas de artistas. Que são renegados para um patamar de aceitação e excentricidade e se lhes desculpa tudo quando fazem alguma coisa de jeito. Porque todos, até o mais taciturno, precisam de arte e de alimentar os sonhos negados.

Há até religiões e pensamentos filosóficos que nos afastam da ambição de viver e experimentar o Mundo físico mas se estamos aqui? E se somos arte e se vivemos a desejar, que não é mais que sonhar, porquê abandonar o desejo que nos torna fogo?

Então está tudo em descobrir do que é que precisamos para viver e  depois é arranjar maneiro de o fazer.

" Pergunta: - Como é que tens paciência para passar tantas horas a ler?

Resposta: - Como é que consegues não ter? É preciso paciência para beber e comer? "

Necessidades básicas. Cada um tem as suas.

 

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